quinta-feira, setembro 13, 2007

1,99 - UM SUPERMERCADO QUE, REALMENTE, VENDE PALAVRAS


Pensei um pouco mais sobre o filme do Marsagão e conclui que ele trabalhou apenas com uma das facetas do assunto. O filme lida com o logo de produto esquecendo que existem outros tipos de logos, alguns talvez até mais perniciosos. Entre estes temos os logos das ideologias. E eles são vendidos com as mesmas ferramentas e com tanta intensidade, que transformam-se em verdades que nós compramos sem pensar muito a respeito. De brincadeirinha comecei a montar um pequeno roteiro, sobre um outro supermercado onde também se vendessem caixas vazias, e neste caso realmente vazias, mas marcadas com os mais variados logos ideológicos. O material é farto. E tem para todos os gostos. A turma da esquerda vai encontrar uma bela quantidade de logos para as caixas de um supermercado de direita. Lembro de um criado pelo czar da economia da revolução de 64, hoje apoiador do governo Lula. "-Precisamos fazer crescer o bolo para depois dividi-lo". Outro de um ex-presidente, hoje também apoiador do governo Lula -"- Tudo pelo Social". Mas sem dúvida, até por serem mais criativos e virem praticando isto desde os tempos de Lenin, a maior quantidade de logos ideológicos nós encontramos na esquerda. Ou seja teremos um filme de curta metragem para os logos de direita e um longa metragem para os logos de esquerda. Houve um curto período em que este balanço se alterou com a Alemanha nazista mas em seguida tudo voltou ao normal. Os logos ideológicos são extremamente mais perigosos. O logo da Vuiton leva alguem de posses a comprar uma bolsa bonita sem prejudicar ninguem, pelo contrário, na outra ponta existe um trabalhador que ganhou seu salário (aviltado ou não) produzindo aquela bolsa. A madame que compra a bolsa da Vuiton, pelo que eu sei, não procura obrigar ninguem a comprar a mesma bolsa. Como ela dispõe do vil metal compra mais outras bolsas e, indiretamente, cria mais postos de trabalho. Já o radical religioso, ideológico, ecológico, meteorológico, quer que os outros adotem os seus logos. Ele não fica satisfeito em apenas consumir o produto ele quer que o consumo seja universal, e quem não consome é inimigo. Voces jamais vão ver uma madama brigar com outra porque uma usa Vuiton e a outra Prada. Já com a ideologia...
Mas vamos as caixas do meu filme virtual:
"- O fim justifica os meios"
"- Um novo mundo é possível"
"- Cidade viva"
"- O líquido negro do capitalismo - Coca-Cola"
"- Conciência cidadã"
"- Inclusão dos excluídos"
"- Justiça social"
"- Imprensa golpista"
"- Consciência de classe"
"- Terrorismo de estado"
"- Oligarquias rurais"
"- Quem sabe faz a hora não espera acontecer"
"- Conquistas sociais"
"- Efeitos da globalização"
"- Ouvir a sociedade"
"- Neoliberalismo"
"- Socialista-igualitarista"
"- Capitalismo Selvagem"
"- Latifúndios improdutivos"
"- Deserto verde"
"- Direito do coletivo"
"- Conjunto da sociedade"
e claro "-Yankees Go Home"

4 comentários:

Anônimo disse...

Uma coisa é certa, o teu filme não vai ter o patrocinio da Petrobrás ( O PETROLEO É NOSSO), nem do Banco do Brasil (Agora é 3 - agenda 21, 2+1 igual a 3, muito complicado para explicar a intenção do terceiro mandato de Lula), BNDES (O Banco do Desenvolvimento de Todos os Brasileiros - e dos Venezuelanos), da Caixa Econômica Federal (A Caixa é Nossa - deles) além de levar pau de todos os autoproclamados intelectuais.

Anônimo disse...

um de direita , Chama o Pires, e um de esquerda, mensaleiro unido jamais será vencido

Anônimo disse...

José Real disse

Em função das provocações do Cineman (não vou recomendar o filme para não ter que navegar em mares virgens...; o filme é impossível de ser visto até o fim... entre outras) na postagem do dia 6 pp., vi o trailer e tudo o mais aqui disponibilizado sobre o tal 1,99. Assim sendo, não posso afirmar peremptoriamente (boazinha não?): “não vi e não gostei”. Mas posso, sim, dizer convicto que o que vi BASTOU! Assinei em baixo o comentário do Blog e concluí: o trailer mais parece a síntese de um trabalho estudantil, digamos de conclusão de algum curso do gênero, com apuro técnico – favorecido até o limite, tenho certeza, pelo dinheiro do PAÍS DE TODOS – tema “originalíssimo” (?) e abordagem, também, demagogicamente “original” (!) – daqueles escolhidos pelo aluno à imagem e semelhança do “mestre” – (“que é pra ganhar um bom conceito – quem sabe de magistral – e, oxalá, com ajuda dele, abrir caminhos por ai...”). Naquela ocasião pensei, ao final da minha incursão ao site do filme: “Taí um produto para ser colocado na gôndola do supermercado branco, em uma caixa branca, com a inscrição BOBAGENS, em promoção por apenas: 1,99.” Todavia, como eu não o levaria pra casa, virei a página...

Eis que, hoje, nosso querido Cineman me surpreende, voltando ao tal filme de menos de uma hora, numa distinção sem precedentes, acho, desde que freqüento seu Blog. Conclui então: “Opa, não é que o veneno do Marsagão provoca efeito residual?...”

Meu caro Cineman. Acho que você, numa espécie de espionagem espírita, antecipou a segunda parte da obra-prima que, certamente, o Marsagão está produzindo, silenciosa, mas, evidentemente, com a mesma cobertura e o apoio financeiro deste PAÍS DE TODOS. Agora não é mais segredo que será uma trilogia. O segundo vai tratar dos logos desse tal “Novo Mundo Possível” dos quais alguns você registrou acima, já que, neste nosso “Velho Mundo Impossível”, é permitida e desejável a abordagem das questões a partir de todos os ângulos de sua complexidade. Como quero estar preparado para o segundo e, assim, antever o terceiro que, segundo o catecismo, deverá sintetizar a questão, preparando-nos para entrar com ela equacionada no Novo Mundo Possível, mudei de idéia: vou ver esse tal de “1,99” (espero que por 1,99...) EH EH EH!

Anônimo disse...

E tem aquele famoso dos Tres Mosqueteiros de Alexandre Dumas - É necessário endurecer porém sem perder a ternura.