quarta-feira, julho 18, 2007

A TRAGÉDIA

Uma vez me perguntaram porque eu só voava nos aviões da Varig. Eu contei uma estória que tinham me contado e que eu acreditava como verdadeira. O piloto da Varig tinha o poder de decisão quando em vôo. Se ele achava que não havia condições de pouso ele não pousava. Gastava uma grana em combustível mas ia a procura de um local com melhores condições de tempo. Nas outras companhias o poder de decisão era da administração. E a administração preferia correr um pequeno risco (para o administrador sentado em sua poltrona, claro) do que gastar em combustível, pernoites de passageiros e similares. Sem a Varig agora ficamos sem a opção de escolha. É o dono da TAM e da GOL que decidem o risco que vamos correr. É mais econômico pousar em Congonhas. Vamos pousar em Congonhas. E o risco? O risco está coberto. Então eu acho que fui até injusto com os controladores de vôo que provocaram o caos dos aeroportos, quando fiz aquela postagem sobre o filme Alto Controle. São peças pequenas neste horror. Aqui sim é o poder econômico ganancioso e corruptor que deve ser responsabilizado por esta tragédia que assistimos e que, se continuar assim, não existem garantias que não volte a ocorrer. Agora podemos ver que até na estranha liquidação da Varig este poder corruptor agiu. Dá para entender também porque a aviação tinha que sair do controle militar. É fácil imaginar as montanhas de dinheiro que se movimentaram em todo este processo. Agora temos a perspectiva. Ficou muito fácil entender tudo.

7 comentários:

nedelande disse...

Claro que eu entendo muito pouco de aviação. Na minha época a gente tirava o brevet de piloto para escapar do serviço militar. Nem isto fiz. Consegui o ambicionado título de reservista de terceira categoria do glorioso exército nacional ao entrar para a faculdade de agronomia. Mas algumas coisas sobre aviões sempre ouvi. Uma delas é que o avião para com o uso do motor. O freio é só um complemento. Então pela velocidade que o video na infraero mostrou o avião não reduziu sua velocidade, ou seja, não freiou. A reversão do motor não funcionou. Seria então uma falha mecânica que pode acontecer mesmo quando feita a mais perfeita manutenção. Mas agora leio que o avião que se acidentou estava com um problema no reversor da turbina direita desde sexta feira passada, quatro dias antes do acidente. Mas onde é que estamos? Isto aqui virou uma republiqueta? A TAM informa que segundo os manuais da fabricante da aeronave o defeito não representava nenhum problema para o pouso do avião. É eu não entendo nada de aviões, mas no meu intimo, acho que um piloto da Varig nem teria levantado vôo num avião nestas condições.

nedelande disse...

Sou obrigado a me corrigir. Eu não entendo nada de aviões mesmo. Pelo que todos temos lido ficou claro que o reversor é que é um complemento da frenagem. O avião pode voar (e pousar) sem o uso do reversor. Ele reduziria a velocidade em 15% apenas, o que poderia ser importante num aeroporto como Congonhas, mas não pode ser considerado como única causa do desastre e nem deve ser motivo para comemorações.

PoPa disse...

O que a TAM alega estar no manual, não é exatamente que o avião possa voar comercialmente, mas que o avião deve se encaminhado à manutenção em, no máximo, dez dias. Agora, somando tudo isso, mais carga completa, mais pista curta sem grooving, mas pista sem área de escape... uma receita com tudo para dar errado. Não foi um acidente, mas um assassinato em massa causado pela ganância, pela incompetência, pela corrupção.

Anônimo disse...

A nossa Glorioza VARIG, também fazia das suas. Cansei de ver e esbravejar, quando via aviões da Glorioza, após seriço de manutenção, com os trens de pouso baixados, dando voltas, a baixa altitude por Porto Alegre.

Anônimo disse...

Desculpa o Gloriosa com z, mas foi o momento.

Anônimo disse...

É verdade. Assisti isto muitas vezes, também. Além dos treinamentos que o pessoal fazia por aqui também no tempo da escolinha da Varig.

nedelande disse...

Hoje temos mais uma informação dada pelo Cláudio Humberto em sua coluna. O avião estava muito pesado não porque estava completamente lotado mas porque estava com os tanques repletos de querozene. Porque encher os tanques para uma viagem tão curta? Porque o ICMS do Rio Grande do Sul para querozene é 12%, e o de São Paulo 17% (ou algo semelhante). Mais um fator para o conjunto de causas. Mas aparentemente os fatores começam a se acumular no lado da ganância.