sábado, fevereiro 24, 2007

MY NAME IS EARL e AL GORE

Al Gore, ex vice-presidente dos Estados Unidos, esteve visitando o Brasil no ano passado para promover o seu livro, Uma Verdade Inconveniente. O tema do livro é o aquecimento global e outras catástrofes que nós, humanos, estamos preparando para nossos netos. Os ecologistas, tanto os fanáticos religiosos como os mais moderados, já vem falando há muito tempo sobre os riscos que corre a humanidade sem ter, no entanto, alcançado grande resultado. O que Al Gore traz de novo? Pois ele introduz um novo conceito - a preocupação com o bolso - que, como aprendemos com um nosso famoso e poderoso ex-ministro, é a parte mais sensível da anatomia humana. O custo/beneficio do cuidado com a natureza, diz Al Gore, seria altamente favorável para a economia mundial. Al Gore é, também, um dos grandes propagandistas de um conceito criado por alguns economistas ingleses em 1997 - a compensação ambiental. Entendo a compensação ambiental como a aplicação de um velho conceito do catolicismo à ecologia. A cada pecado corresponde uma penitência. Para cada quantidade de monóxido de carbono colocado na atmosfera determina-se uma determinada penitência/compensação. A compensação/penitência de maior aceitação atualmente é o plantio de árvores. Trata-se de uma saida maravilhosa para uma sociedade de consumo como a americana. Não há mais problemas. "- Ei, podem continuar consumindo e agredindo a natureza a vontade mas não esqueçam de plantar umas arvorezinhas depois."
Na sua viagem ao Brasil, Al Gore compensou o gáz carbônico produzido pelo avião que o trouxe com o plantio de 53 árvores. Já para compensar a edição e distribuição do livro - Uma Verdade Inconveniente - foi necessário um cálculo bem mais complexo. Chegou-se a necessidade do plantio de 136 árvores. Já dá para ver a precisão dos cálculos deste pessoal.
Mas não vou fazer aqui, como está parecendo, um comentário sobre o documentário de Davis Guggenheim, ganhador do Oscar, que está saindo em DVD. Eu quero falar de uma série sensacional, que ninguem pode perder - MY NAME IS EARL.
O mote de My Name is Earl é exatamente este - compensação. Só que as compensações de Earl (Jason Lee) são diretas. O mal que ele causou para algúem no passado tem que ser compensado com um bem para este alguém. E um bem de tal magnitude que realmente compense o mal causado. O piloto da série mostra Earl como um pequeno marginal, praticando roubos de ninharias, jogando coisas fora sem preocupação com o já citado meio ambiente, sacaneando as pessoas que cruzam pela sua vida e outras ações do formato levar vantagem. Ao raspar um bilhete de loteria ele é premiado com cem mil dólares. Em seguida, em meio a comemoração alucinada no meio da rua, ele é atropelado e perde o bilhete. No hospital ele faz uma revisão de sua vida e chega a conclusão que a perda do bilhete foi causada pelo seu comportamento. É o Karma. Quem planta ventos colhe tempestades. Quem faz o bem recebe o bem. Earl resolve mudar sua vida e organiza uma lista com tudo o que fêz de ruim até então - é uma senhora lista - e assume o propósito de levar uma compensação à cada uma daquelas pessoas. O pessoal de criação é muito bom e todos os capítulos são hilariantes.
Voltando a compensação ambiental já existe uma solicitação da Câmara dos Deputados para neutralizar suas atividades. Não, infelizmente não é o que gostariamos. Trata-se de neutralizar a emissão de dióxido de carbono com o transporte e consumo de energia elétrica dos deputados. Acredito que o cálculo deverá apontar a necessidade do plantio de 573.725 árvores. É uma pena que eles estejam fazendo a compensação ao estilo Al Gore e não ao estilo Earl. Se eles seguissem o caminho de Earl deveriam buscar a correção de seus erros passados e não apenas plantar meia dúzia de árvores.
Até a próxima postagem.

Dados do DVD
Idioma: Inglês, Espanhol,
Legendas:Português, Inglês, Espanhol,
Ano de produção: 2005
País de produção: Estados Unidos,
Duração: 624 min.
Áudio Dolby Digital 5.1 (Inglês), Dolby 2.0 Surround (Espanhol)
Vídeo Widescreen Anamórfico (1.78:1)


UMA PEQUENA CANJA DE MY NAME IS EARL (em espanhol)

4 comentários:

Anônimo disse...

Tenho um sitio na serra gaúcha e lá plantei cerca de 1500 árvores...
Li há pouco, que cada árvore consegue neutralizar uma tonelada de co2 durante sua vida; minhas árvores estarão anulando 1500 toneladas de cO2 nos anos vindouros. Resta saber quanto polui meu carrinho em minhas viagens semanais até lá... Estou calculando o meu encontro de contas... Não façam piadas, pq alguma coisa estou fazendo; e vc o que está fazendo? já plantou pelo menos um pé de alface algum dia?

Que tal a Europa botar abaixo algumas cidades milenares (e arcaicas) e plantar algumas florestazinhas??

Deixem em paz nossa Amazônia. O ar é nosso.

Renato.

Anônimo disse...

Em primeiro lugar concordo que o Earl é muito bom. Gostaria de um comentário sobre o Borat, apesar de ainda não ter saido em video, pelo que sei. Agora sobre o post e o comentário do Renato. Acho que ele pegou bem, atras destas coisas está sempre a Amazônia. A Veja desta semana, uma semana após a que falou sobre este assunto da compensação já tem uma entrevista de uma ambientalista que diz que o Brasil é o maior responsável pela emissão de CO2. São aquelas afirmações definitivas, sem prova nenhuma, que pela repetição acabam convencendo as pessoas. Tem um partido que faz muito isto. A causa desta emissão, segundo ela, é a destruição da Amazonia. Por outro lado não vi nenhum religioecologista defender a plantação de florestas na metade sul do estado. Ou será que eucalipto não contribui para a diminuição da emissão de CO2?

Carlos Silva disse...

Os ecologistas não parecem ter, em suas preocupações centrais, a preservação do homem. São muito importantes, na verdade, mas com uma visão muito frequentemente fora de foco, como o caso dos eucaliptos na Metade Sul. Agricultura de longo prazo praticada com o plantio de eucaliptos, nada mais é que uma lavoura um pouco mais longa que o arroz, feijão, soja e outras plantas exóticas. E, realmente, capturam CO2 da atmosfera. Coisa que a Amazônia não faz, pois trata-se de uma floresta estável. Claro que cortar algumas árvores para extração de madeira e queimar o resto para implantação de pastos, é uma atitude muito burra. Mas, pasmem, incentivada pelo Estado Brasileiro! Há financiamento para isto! E com juros subsidiados...

Gosto muito de "my name is" pelo escracho ao sistema de vida moderno, onde o individual prevalece sempre sobre o coletivo. E também deveria servir para alertar nossos ecologistas... não se dão conta do mal que estão fazendo ao tentar restringir uma cultura agrícola geradora de postos de trabalho em uma região extremamente deprimida e com um vazio de demográfico assustador. Quando e como eles compensarão isto, caso sejam "vitoriosos"?

Eliete Andrade disse...

sim! estamos cuidando para que as árvores sejam replantadas e façam seu papel na natureza, eliminar CO2, mas estamos esquecendo que os mares e oceanos também estão sendo violentados. E as algas que também tem grande importancia na produçao de O2?
Devemos pensar e prestar atenção em tudo!