terça-feira, fevereiro 13, 2007

A DÁLIA NEGRA (The Black Dhalia)


Já falei aqui que sempre gostei muito de literatura policial. Citei alguns dos que eu gostava mais mas, imperdoavelmente, esqueci Ellery Queen. Ellery era um escritor de mistério e ele mesmo, para nós, um mistério. Sabia-se que Ellery Queen era o pseudônimo utilizado por dois primos, mas nada mais do que isto. Na época não se tinha internet e portanto havia uma certa dificuldade em se obter informações. Bem diferente de hoje. Os livros do Ellery Queen tinham uma caracteristica muito interessante, ao final de cada história era apresentada o "Desafio ao Leitor" informando que o mistério já poderia ser resolvido com as pistas já apresentadas. Os livros de Ellery Queen, além de histórias policiais eram charadas. Dois pelo preço de um. Me lembro do Mistério do Ataúde Grego que foi uma das únicas que não consegui desvendar. Pois a literatura policial depois de passar por aquele período do Richard Prather (Shell Scott) voltou a nos trazer grandes escritores. No Brasil, a Coleção Negra tem se encarregado de nos trazer alguns dos melhores. Foi quando conheci James Ellroy. A coleção publicou, entre outros, Los Angeles Cidade Proibida, Por Causa da Noite, Sangue na Lua, Onda de Crimes e, é claro, a Dalia Negra.
De inicio quero dizer que não gosto de Ellroy. Devo estar indo contra a corrente porque ele já frequentou várias vêzes a lista de best sellers do New York Times e é aclamadissimo nos Estados Unidos, mas que é que vou fazer? Não gosto. Ellroy é um escritor problematizado e passa isto para seus livros. A mãe dele, Geneva, foi morta em 1958 quando ele tinha 10 anos, num crime nunca esclarecido. Marginalizado, viciado em todas as drogas, obcecado com a morte trágica da mãe, quando toma conhecimento do assassinato de Elizabeth Short, chamada pelos jornais sensacionalistas de Dália Negra, ocorrido apenas onze anos antes do assassinato de sua mãe, mete na cabeça que se tratava do mesmo assassino. Passa então a investigar o crime colecionando todas as informações possíveis sobre o caso e, num determinado momento, vendo que tem um material notável nas mãos, resolve escrever um livro e, como subproduto ou produto principal, espurgar todos os seus demônios. O livro faz um tremendo sucesso e ele se transforma da noite para o dia num aclamado escritor.
O filme A Dália Negra, do Brian de Palma, apesar de um roteiro que segue quase literalmente o livro - tem passagens que os diálogos são absolutamente iguais - não tem o peso macabro do livro de Ellroy. Linguagens diferentes. Experiências diferentes de autor e diretor.
As tomadas iniciais do filme trazem o registro de Brian de Palma. A cena onde é descoberto o cadáver da Dália Negra é magnífica, lembrando a cena inicial de A Marca da Maldade, do Orson Welles. Mas nem só de cenas brilhantemente filmadas vive um filme. Eu achei o filme confuso. E eu tinha lido o livro. Os atores, com excessão de Aaron Eckhart, o Fire da dupla de policiais FIRE/ICE e Hilary Swank, uma segunda Dália Negra, não convencem.
Mas talvez seja apenas a já falada implicância minha com Ellroy. Se quiserem arrisquem.
Até a próxima postagem.

Informações do DVD
Formato: Widescreen
Idioma: Inglês e Português
Legenda: Português e Inglês.
Sem extras
Site oficial com trailer

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