sexta-feira, junho 24, 2011

ALTO CONTROLE - ABRIL/2007

Mais uma postagem antiga, esta de abril/2007. Gosto muito deste filme e me lembrei dele agora em razão de um pronunciamento feito há algum tempo atrás pelo controvertido deputado Jair Bolsonaro. Bolsonaro estava preocupado com as cotas e disse que não voaria num avião em que o piloto fosse cotista. Não acredito que nenhuma empresa privada, só temos estas na aviação brasileira - Thank You God - iria colocar um piloto sem a devida formação. Então a preocupação do ilustre deputado não parece ter razão de ser. Já quanto aos controladores de vôo...
Leiam o post e até a próxima postagem.

ALTO CONTROLE (PUSHING TIN)

Este é um filme relativamente antigo que, por incrivel que pareça, é hoje muito mais atual para nós do que quando foi lançado em 1999. É um filme sobre controle aéreo, melhor, sobre controladores aéreos. Está entendida a atualidade, não é? O cenário do filme é o TRACON - Terminal Radar Approach Control de Nova Yorque. O TRACON controla os vôos dos 3 principais aeroportos de Nova Yorque - La Guardia, Kennedy e Newark. São sete mil vôos por dia. Acreditem, bem mais que o CINDACTA-1. Os controladores do TRACON trabalham com o dobro de vôos que qualquer outro controlador dos Estados Unidos (e possivelmente do Brasil) e conseguem isto, é claro, com muitas horas extras, muito café e, eu imagino, muitos comprimidos. O filme é dirigido por Mike Newel, que havia feito, entre outros, um ótimo filme que todo mundo viu - Quatro Casamentos e Um Funeral. O grupo de atores não poderia ser melhor. Billy Bob Thorton, John Cusack, Kate Blanchett e ..Angelina Jolie. Nick Falzone (John Cusack) é o mais afamado controlador de vôo do TRACON. Vive furiosamente. Bebe, fuma, toma café desesperadamente e faz sexo selvagem com sua esposa Connie(Cate Blanchett). A tensão constante do TRACON faz parte da sua vida e ele acha tudo maravilhoso. Então chega ao TRACON um novo controlador vindo do deep south, Russel Bell (Billy Bob Thornton). Russel é zen. Não bebe, não fuma, totalmente focado no seu trabalho. Tão focado que não dá atenção para sua esposa Mary (Angelina Jolie) com as consequências óbvias. Nosso comentário "CARAS" - foi no set deste filme que Billy Bob e Angelina se conheceram. Voltando ao filme - Russel se mostra ainda melhor que Nick na função de controlador aéreo, controla muito mais vôos que Nick e com absoluta frieza. Para cumprir os horários ele costuma colocar os aviões numa proximidade tal que põe em pânico os seus companheiros de trabalho.
O filme mostra com precisão o que acontece dentro de uma sala de controle e isto assusta a qualquer um que precise usar um avião. E assusta a todos nós que estamos vendo este filme ao vivo no Brasil.
E o futuro deve nos assustar ainda mais. Se os controladores aéreos militares, que deveriam primar pela ordem, levaram o país à este caos, imaginem como será com o controle de vôo na mão de funcionários públicos civis, por definição estáveis nos seus empregos e com sua proverbial preocupação com a eficácia. Ninguem se arrisca a prever o que temos pela frente. Na sexta o presidente passou a mão na cabeça dos controladores e determinou que suas reividicações fossem atendidas, o momento não era de radicalização. Ontem, segunda feira, o presidente afirmou que em pronunciamento a nação vai tratar os sargentos controladores como traidores. Ainda bem que o presidente voltou atras em sua decisão inicial. É bom lembrar como tudo começou em 64. A quebra da hierarquia militar por Jango foi o estopim para o inicio da revolução. E foi uma situação criada pelos sargentos, estão lembrados? O famoso discurso da Central do Brasil. Eu, pelo menos, estou aberto a perdoar tudo para o Lula, menos a criação de uma situação que nos jogue em mais 20 anos de ditadura militar.
Querem ficar tranquilos? Não vejam este filme. Se quiserem se arriscar, mesmo com esta advertência, o Paris Cinema e Café tem uma cópia em VHS e já estou correndo atrás de uma cópia em DVD.
Até a próxima postagem
CENAS INICIAIS DO FILME

Um comentário:

nedelande disse...

Meu Deus, com a permissão dos aviões voarem mais perto um dos outros para impedir o caos aéreo e com os controladores de vôo que temos... Não viajo mais de avião, por enquanto.