quinta-feira, abril 07, 2011

KINKY BOOTS - FABRICA DE SONHOS - REPOST

A pedido do Cineman estou repostando alguns dos seus melhores posts. Começo com Kinky Boots, sobre um filme excelente mas pouco conhecido. Diversos leitores comentaram que realmente usaram o filme em suas aulas de administração, estratégia e produção, como havia sido recomendado pelo Cineman. Vai ai o post com alteração do video pois o original não está mais na rede. Espero que os novos leitores gostem.

KINKY BOOTS - FÁBRICA DE SONHOS (7/8/2007)

O nome que deram ao filme no Brasil não tem nem de longe a malicia do nome em ingles. Kinky tem várias traduções mas ligado ao "boots" remete para B&D, boundage and domination, ações sexuais não muito convencionais estreitamente ligadas a couro, algemas, botas, coleiras e chicotes. Mas Kinky Boots, do diretor Julian Jarrold, é um excelente filme, de humor refinado como toda comédia inglesa que se preza. E um filme que, sem dúvida, podemos usar numa aula de administração. Aquilo que eu já tenho falando em diversas postagens - o uso do cinema como metodologia de ensino. Numa pequena cidade ao norte de Londres, Northampton, existe uma fábrica artesanal de sapatos. Charlie Price (Joel Edgerton), filho do dono, foi criado ao velho estilo empresarial, passando por todas as funções dentro da empresa. O pai o estava preparando para assumir o negócio como os outros pais da familia Price já haviam feito antes. Mas isto não era o que Charlie queria e o pai, cabisbaixo anuncia aos funcionários que o herdeiro não vai continuar na empresa porque vai trabalhar com marketing em Londres. E marketing soa muito feio. Charlie recem está se acomodando em Londres com sua noiva quando recebe a noticia da morte do pai. Volta e conhece a realidade da empresa. Completamente falida. Tentando salvar alguma coisa ele vai a Londres vender sua produção. Descobre a globalização. Os sapatos checo-eslovacos custam a décima parte dos seus sapatos artesanais. "- Pobres dos donos destes sapatos, eles não duram um ano, enquanto os nossos são para toda vida" diz Charlie. O comprador responde: "- Sim duram apenas um ano e eles tem que comprar outros, que ótimo não?". Desiludido Charlie volta para Northamptom e começa a despedir seu pessoal quando é confrontado por uma funcionária, que imediatamente sabemos que vai ser importante na estória, que diz "- Você é destes empresários que fica dizendo o que é que vamos fazer? e não faz nada. Trate de achar um nicho para esta empresa" Ai começam as lições. A fábrica é pequena, os custos são altos, mas ela pode produzir um produto diferenciado. Quem quer um produto diferenciado? Charlie, em Londres, defende uma suposta mulher de um assalto. Não é uma mulher. É Lola (Chiwetel Ejiofor), uma dragqueen dona de um cabaré de.. dragqueens. Quando Lola se queixa que as botas de mulher que ela usa não suportam o peso de um homem Charlie vê o seu nicho de mercado. E pelo que se sabe de Londres.. que nicho. De volta a Northamptom Charlie põe seus funcionários a trabalhar e produzem o primeiro prototipo. Mas faltou a Charlie um dos primeiros conceitos da administração. Saber exatamente o que o cliente deseja. Lola odeia as botas. Para começar as botas são cor de vinho. Que horror... Vermelho é a cor que tem que ser. E os saltos.. horrorosos..quadrados, masculinos. Os saltos tem que ser altissimos e finissimos. Colocando o seu R&D a trabalhar chegam a solução - Uma fina placa de aço poderá dar a sustentação necessária ao altissimo salto. Lola se muda para Northamptom e aos poucos os conservadores operários vão se acostumando com sua presença. Um diálogo é notável. A velha senhora, dona da pensão onde está Lola, pergunta: "Mas você é homem ou mulher?" Lola se volta preparada para enfrentar o preconceito e responde "- Homem". A dona da pensão sem dar muita importância responde: "- É só para saber como eu deixo a tampa do sanitário". Mais administração.. A forte exigência de Charlie para uma mostra em Milão produz desconforto e desmotivação no grupo. Mas um truque de Lola faz os operários perceberem a situação e se entregar de corpo e alma ao serviço.
A feira de Milão é um sucesso é claro. Um destaque na interpretação de Chiwetel, magnifico, sem em nenhum momento ridicularizar o seu personagem. E um grande talento no palco quando cantando e dançando. No DVD ainda temos alguns extras muito interessantes que mostram que a fábrica existe. Que é uma estória real. E melhor ainda.. que o filme foi feito numa fábrica artesanal de sapatos (que parou durante uns vinte dias para a filmagem) e com boa parte dos extras formados pelos próprios funcionários. E a boite de drag queens idem, com drag queens de verdade e Lola. Absolutamente imperdível. Uma jóia perdida no meio das locadoras mas que no Paris Cinema e Café você encontra em destaque.
Até a próxima postagem.
Um pedacinho do show de Milão

Um comentário:

Anônimo disse...

Este Filme é muito bom, adorei.....
O filme trata da história de uma família tradicional na produção de sapatos masculinos. Com a morte do pai, seu único filho Charlie Price resolve assumir a direção, mas sem saber na situação crítica pela qual passava a empresa. Desatualizada no mercado, seus produtos são sapatos masculinos clássicos que sofrem a concorrência dos importados de menor qualidade, mas de maior giro para as lojas.
Por um acaso do destino ele encontra a drag queen Lola onde, observando-a em seu trabalho na boate, tem um insite sobre novas oportunidades de mercado para a sua fábrica, já que as botas que as drags usam são feitas para atender ao público feminino. Charlie começa a fabricar um modelo de bota inspirando-se em seu instinto para o produto, utilizando características que ele acha necessárias para o novo nicho. Porém Lola, ao ver a nova criação, a ridiculariza, pois ele não percebeu que o produto não atendia, nem de perto, as características do seu público alvo.
Lola reclama do produto colocando todos os defeitos do design e deixa um desenho do que seria uma bota ideal. Ele, vendo a habilidade criativa de Lola, a chama para ser a estilista das botas.
Para iniciar o projeto eles têm de resolver o principal problema que era o salto, não adequado a características masculinas.
Seu pessoal de produção consegue identificar e solucioná-lo com uma nova tecnologia, ficando pronto para poder começar seu protótipo.
A partir da parceria entre todos os gestores, Charlie começa a produzir modelos de botas para drags que serão levadas à feira de Milão.
As diferenças culturais e preconceitos iniciam uma desconfiança por parte dos colaboradores, comprometendo o serviço e fazendo com que não haja uma equipe coesa. A liderança é falha, apresenta defeitos e não identifica objetivos que poderiam ser alcançados e que trariam benefícios a todos.
Depois de um início desastroso, com problemas de desagregação das pessoas envolvidas, defeitos de produção, os colaboradores entendem quais são os objetivos e metas a serem alcançadas, acabam identificando os problemas, criam estímulo, produzindo produtos de alta qualidade e dentro do prazo estabelecido.
O último passo foi à apresentação do produto na feira de Milão, contando novamente com a inovação no marketing, onde ao invés da apresentação com modelos tradicionais no mercado, ele apresentou um show de drag queen que inovou e fez o diferencial na apresentação do produto resultando em um sucesso de vendas.
O filme pretende discutir o empreendedorismo, o desenvolvimento sob a ótica da administração, e as múltiplas técnicas da administração para se conseguir o sucesso nos objetivos finais, onde mesmo uma pessoa de marketing, conhecendo as técnicas, precisa de um bom trabalho de equipe para alcançar os objetivos.
A delegação de poder à equipe trouxe, no decorrer do tempo, as melhores habilidades de cada um dos colaboradores, resultando em desenvolvimento das competências.
A não utilização de um planejamento estratégico desde o início fez com que Charlie levasse mais tempo para identificar os problemas, correndo o risco de até perder o prazo para participação na feira, e que no fim resultaria em prejuízos maiores ainda.