Mais postagens antigas na segunda feira. Hoje republico The Day of the Locust, um filme muito estranho que a gente demora a apreciar. Mas vale a pena.
The Day of The Locust - Agosto de 2007
Para começar a tradução pura e simples de locust para gafanhoto não expressa o que Nathanael West, autor do livro The Day of The Locust de 1938, quis dizer com o termo. Um título nacional mais adequado hoje, pegando carona na campanha da OAB paulista, seria - CANSEI.
Locust tem o significado de losers. Pessoas sem voz, perdidas pelo caminho, não sabendo onde ir nem o que fazer com suas vidas na Los Angeles do final dos anos 30. O Dia do Locust é o dia em que eles fazem ouvir suas vozes.
Tod (William Atherton) é um jovem do Leste americano, oriundo da universidade de Yale, que vai para Hollywood tentar a sorte como desenhista de cenários. Nos seus desenhos ele começa a retratar o locust, desenhos que iniciam com pessoas sentadas nas paradas de ônibus, paradas nas ruas, com o olhar perdido no vazio, sem expressão. Tod percebe o desespero destas pessoas e nos seus desenhos transforma as bocas em gritos desesperados , como no quadro de Munch.
No condominio que ele escolhe para morar habitam as personalidades mais estranhas. Faye (Karen Black) uma mulher completamente psicótica a procura de uma chance no cinema, seu pai Harry ( Burges Meredith) é um ex ator cômico que agora usa seus dotes para vender um tônico revigorante de porta em porta. Tod se apaixona pela bela e louca vizinha mas não é correspondido. Ela quer alguem com dinheiro ou que possa lhe abrir as portas do estrelato. Surge Homer Simpson (Donald Sutherland), um contador extremamente timido que também se encanta e é presa fácil para Fay. Homer e Fay mergulham numa relação doentia com a parceria de uma estranha dupla de criadores de galos de rinha. Enquanto isso Tod ascende na sua carreira e faz os desenhos do seu primeiro filme - A Batalha de Waterloo. Quando é filmada uma cena de combate, Tod vê que os cartazes indicadores de perigo de um cenário não foram colocados. Ele tenta impedir que os soldados em fuga subam no morro artificial mas já é tarde. O cenário desaba e vários extras saem feridos. Daí é aquela discussão que nós conhecemos para ver de quem é a culpa. Tod numa reunião do estúdio fala que os cartazes de aviso não estavam colocados. "- Não diga isto, claro que estavam" diz o dono do estúdio. A culpa é do diretor que dirigiu a cena é claro.
No lançamento do filme The Bucaneer de Cecil B. de Mille, o povo se reune para ver seus astros. Mas um incidente terrivel leva o povo a se revoltar e a partir dai perder completamente o controle e a destruir tudo o que ve pela frente - é o dia do locust, dos sem voz, dos enganados.
Um filme terrível. Não é para todo mundo. Mas acho que vocês deveriam arriscar. Cinema não é só diversão.
Até a próxima postagem
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