sexta-feira, novembro 16, 2007
Dr FANTÁSTICO (Dr. STRANGELOVE OR: HOW I LEARNED TO STOP WORRYING AND LOVE THE BOMB
Stanley Kubrick nos brindou com algumas horas maravilhosas de bom cinema. Ele escolhia um genero e produzia uma obra prima. Foi assim com 2001: UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO. Baseado num pequeno conto de outro gênio, Arthur C. Clark, ele produziu um filme que é um verdadeiro marco na ficção científica. A cena do osso jogado por um primata que, numa elipse de milhões de anos, dissolve para uma espaçonave, é absolutamente genial. Ferramenta para ferramenta mostrando a evolução do homem. No terror ele produziu outro clássico absoluto - O ILUMINADO onde, com a colaboração magnifica de Jack Nicholson, nos brindou com um dos mais assustadores filmes já feitos. Mas foi na comédia satírica ele produziu talvez a sua maior obra, o incrivel Dr. STRANGELOVE. O ano era 1964 e a Guerra Fria estava no seu auge. Um general americano, com o sugestivo nome de Jack D. Ripper (Sterling Hayden de Johny Guitar) entra em pânico imaginando uma conspiração comunista que está fluoretando a água dos Estados Unidos e poluindo os fluidos corporais (our precious body fluids). Na realidade Jack D. Ripper está tendo problemas de natureza sexual e responsabilizando a suposta conspiração vermelha. Mas ele é o comandante de um esquadrão de bombardeiros e resolve retalhar mandando soltar uma bomba atômica na Rússia. Quando o presidente dos Estados Unidos, Merkin Muffley (Peter Sellers em um dos três papéis que desempenha no filme), é avisado pelo adido inglês, Capitão Lionel Mandrake (de novo Peter Sellers), da loucura cometida por Jack D. Ripper, reune o seu conselho de guerra para encontrar uma solução. O esquadrão de bombardeiros por ordem de Ripper não aceita mais nenhum comando para suspender a missão. Podem ser russos se passando pelo presidente americano. Para esta reunião é chamado o Dr. Strangelove (novamente Peter Sellers), cientista alemão, com uma incrivel prótese num dos braços a qual insiste em fazer saudações nazistas. Strangelove aumenta o pânico ao informar que os Russos tem condições de retalhar com outra bomba poderosissima. Mas, segundo ele, em aproximadamente 70 anos os sobreviventes poderão abandonar as cavernas e retornar a superficie do mundo, o que ele considera trazer uma certa tranquilidade. O esquadrão de bombardeiros é comandado pelo Major T.J. "King" Kong (Slim Pickens), um texano inseparável de seu chapéu Stetson. Este papel era para ser também de Peter Sellers que não se julgou capaz de imitar o sotaque texano. Bom para o filme, porque apesar da capacidade de Peter Sellers acredito que Slim Pickens seria insuperável no papel.
Pois não posso deixar de me lembrar deste filme lendo as noticias da escalada militar de nosso vizinho Chavez. Os paises na sua volta estão preocupados, e com razão. Mas os nossos militares também já começaram a se preocupar. Em guerra, tamanho não é documento. Mas como justificar uma corrida armamentista? Pois não é que as reservas de petróleo de Tupi, recém descobertas (ou não) trouxeram a saida? Nosso Ministro de Defesa, Nelson Jobim, já propôs a aquisição de um submarino nuclear para proteger o petróleo brasileiro da sanha internacional. E Jobim vai mais longe, o submarino leva a necessidade de autonomia na produção de energia nuclear, fechando o ciclo de enriquecimento de urânio. O general José Benedito Barros Moreira, no pomposo cargo de secretário de Política, Estratégia e Relações Internacionais do Ministério da Defesa, aproveitou a carona e já manifestou a necessidade do Brasil desenvolver tecnologia para produzir a sua bomba atômica pois somos alvos da "cobiça internacional" por ter água, alimentos e energia. Disse o general "- Por isso, temos de colocar um cadeado forte na nossa tranca".
Voltando ao Dr Strangelove - tem uma cena, a cena final, que é engraçadissima. O mecanismo de lançamento da bomba atômica apresenta um defeito mecânico e o Major T.J. é obrigado a soltá-la manualmente. Resulta que ele acaba caindo junto com a bomba, cavalgando-a no estilo rodeio, segurando-se com uma mão enquanto com a outra agita o seu Stetson. Fico aqui imaginando o Ministro Jobim, que tem se notabilizado pelas suas apresentações a la Color, com fardamentos camuflados, segurando jibóias e outras atrocidades, cavalgando a nossa bomba atômica lançada sobre Caracas.
Até a próxima postagem
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Imagem perfeita a do Jobim cavalgando a bomba. Algum cartunista poderia fazer esta charge com ele de bombacha e pala.
Olha a cantada de pedra. O Chavez disse na França que pretende iniciar um programa nuclear. Como todos, vai ser um programa pacífico. Era só o que faltava. Corrida armamentista na América Latina
Postar um comentário