terça-feira, junho 19, 2007

CAMINHOS ÁSPEROS (HONDO)



Mais John Wayne. Saiu agora um box com quatro excelentes filmes do velho cowboy. Um deles, que eu estava esperando há muito tempo, separei para ver no fim de semana - Um Fio de Esperança. Só a música vale o filme. São dois DVDs, portanto recheado de extras. Como eu disse, merece um domingo. Vai ser a "pièce de résistance" do pacote. Assisti ao que eu chamaria de aperitivo do pacote - Caminhos Ásperos. Com este título ninguém conhece mas se falar em Hondo, pelo menos os fanáticos por westerns vão reconhecer e se eu disser que é aquele do John Wayne com o cachorro todo mundo vai lembrar. Hondo é um western que foi originalmente produzido em 3D. Em 1953 o pessoal de Hollywood com a concorrência feroz da TV achou que o 3D era a grande saida. Não durou um ano. Hondo, por exemplo, só passou em 3D em Los Angeles e Nova Yorque. Vocês vão ver no DVD uma coisa interessante que é uma decorrência do 3D daquela época. Apesar do filme ter apenas 83 minutos na metade do filme há uma interrupção. Porque? Acontece que os cinemas tinham dois projetores. Nos filmes normais, metade do filme ficava no projetor 1 e a outra metade no projetor 2. Quando terminava o rolo do projetor 1 começava imediatamente o rolo do projetor 2. Ás vezes o projetista se distraia e dava origem a assovios e bate-pés. Mas normalmente não havia interrupção. Já os filmes em 3 D, no seu inicio, usavam os dois projetores ao mesmo tempo e por isto a necessidade de interrupção para troca dos dois rolos (este problema técnico foi resolvido depois com um sistema que colocava as duas imagens na mesma película).
Voltando. Hondo, junto com Shane e Matar ou Morrer, participou da renovação dos westerns. Não apenas mocinhos e bandidos, bem e mal, mas com alguns tons cinzas no meio. Hondo humanizou os indios, não foi o primeiro é verdade, Flechas Ardentes (Broken Arrow) de Delmer Daves com James Stewart, três anos antes já tinha ido por este caminho. Mas Hondo foi mais longe, a começar pelo personagem principal que é um mestiço e depois inovando com o relacionamento amoroso do mestiço Hondo com uma colona branca. E mais, contrariando o severo Código de Produção, um relacionamento com uma branca casada.
A história é simples. Começa como Shane. Desconhecido chega à uma fazenda onde estão uma mulher, Angie Lowe (Geraldine Page) e seu filho Johnnie. Diferente de Shane, o marido não está presente porque é um beberrão mulherengo e está em outras plagas. Ela mente que ele deve voltar logo por que tem algum receio de Hondo. Hondo logo vê que ela está mentindo. Quando Hondo aconselha Angie a abandonar seu sitio por causa de uma revolta dos indios, ela afirma que se dá bem com eles e que não vai fugir. Hondo vai adiante e os indios chegam. O cacique apache Vittorio adota Johnnie, não acredita na história do marido que vai chegar e determina que Angie escolha um guerreiro apache para seu marido. Diversos indios são apresentados para Angie pelo nome e pelas suas qualidades. Outra novidade. Nomes e qualificações para os indios.
A estória continua com o tradicional ataque dos indios a um comboio de carroças num conjunto de cenas muito bem feitas. O final não deixa margem a dúvidas como Shane. Uma palavrinha final sobre Geraldine Page. Geraldine depois foi considerada uma das grandes damas do teatro americano, principalmente pelo seu trabalho em peças de Tenesse Williams. Hondo foi sua primeira experiência em Hollywood. Uma palavra também sobre o autor da estória, Louis L´Amour. Louis é considerado o segundo autor americano no tema western, suplantado apenas por Zane Grey. Não me recordo de ter lido nada de Louis L´Amour. O grande autor de western que aparecia por aqui nos anos 50, além de Zane Grey, era Max Brand de quem ainda vamos falar no futuro.
Excelente programa.
Até a próxima postagem
TRAILER DE HONDO

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