quinta-feira, dezembro 08, 2011

ROADSIDE CROSSES

Está circulando em todos os meios de comunicação uma noticia com um claro viés intimidativo aos blogueiros e blogueiras. Uma colega norte-americana, Crystal Cox, foi processada por um grupo financeiro, daqueles que estão quebrando os Estados Unidos, o Obsidian Finance Group, por publicar um artigo acusando a empresa de movimentações não republicanas, comandadas pelo seu presidente, o honorável Kevin Padrick. Na sua defesa, Crystal alegou que o artigo era de interesse público e que se baseava em informações passadas por um funcionário da empresa que conhecia todo o processo. O problema foi quando Crystal tentou se valer da prerrogativa de jornalista, não revelando sua fonte. O juiz entendeu que blogueiro não é jornalista e que portanto, não pode se valer de prerrogativas que são, neste caso, exclusivas de jornalistas. Como lá as coisas são um pouquinho mais duras do que por aqui, a indenização é de US$ 2,5 milhões. Crystal vai recorrer. Só estou contando esta história porque há algum tempo atras li um livro de Jeffery Deaver - Roadside Crosses - que trata exatamente do mesmo assunto. O livro é um thriller ótimo, como quase todos os livros de Jeffery Deaver, e trata de forma magnifica desta equiparação blogueiro/jornalista tentada pela Crystal. É possível que nosso juiz de Ohio tenha consultado o Roadside Crosses, os argumentos são muito semelhantes. A argumentação do blogueiro, personagem do livro, é muito interessante. Resumindo, o blog era sua empresa, sua fonte de subsistência, se revelasse sua fonte, adeus credibilidade. Ninguém mais poderia lhe confiar uma boa história, tipo esta do Obsidian Finance, ou uma dos nossos ministros. Quem quiser ler o Roadside Crosses, cujo personagem não é o paraplégico Rhyme mas Kathrin Dance, vai ter de recorrer a edição em inglês. Apesar de ter sido publicado em 2009 ainda não apareceu por aqui. A vantagem é que deve estar custando menos de vinte reais na Saraiva, na Cultura ou na FNAC. Uma pequena ironia com relação ao nome da financeira americana. Obsidiana era o material daquela faquinha que os sacerdotes astecas usavam para arrancar os corações dos guerreiros inimigos e das donzelas amigas.

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