quinta-feira, maio 31, 2007
INCONSCIENTES
Quem não gosta quando é surpreendido por um bom filme? Isto acontece seguido comigo. Por duas razões:
Razão um - Se acho uma sinopse interessante, um título que me chama a atenção, um assunto que me agrade, mesmo sem ter lido nenhuma crítica ou ouvido algum comentário, eu coloco no aparelho de VHS ou DVD e, pelo menos, inicio a ver. Vale a pena este método. Quanta coisa boa existe por ai que a gente não ouviu falar.
Razão dois - Ignorância e preconceito. Todo mundo sabe que o filme é bom, eu não ouvi falar ou impliquei com o dito. Um caso de preconceito eu já falei aqui no blog - levei anos para ver "E O Vento Levou". Um caso de ignorância aconteceu ontem. Assisti o filme espanhol INCONSCIENTES. Para mim totalmente desconhecido mas, depois de uma pequena pesquisa, descobri que ele já havia causado frisson em Sundance e outros festivais.
Estamos em 1913. Um filme, em preto e branco, noticia os acontecimentos da época. A apresentação é ótima acompanhada do som de um antigo projetor de cinema.
O ecstasy é sintetizado pela Merck. Sim, o famoso acompanhante das baladas, o MDMA (3,4 metilenodioximetanfetamina) foi lançado em 1913 como supressor de apetite. Claro que nunca foi usado para isto. Saiu de cena. Voltou como auxiliar da psicoterapia pelos anos 60 e nos anos 70 foi descoberto para o uso, digamos, recreativo.
O inglês Arthur Wynne, editor de um popular jornal britânico, inventa as palavras cruzadas.
A jovem Mary Phelps Jacob, elegante membro da sociedade novaiorquina, patenteia o soutien. Mary tinha 19 anos quando, se embonecando para um baile, resolve não usar o popular espartilho. Junta dois lenços de seda e...está ali o soutien. O sucesso é enorme com as escravas do espartilho e, Mary Phelps, com o velho espirito emprendedor americano, vê que tem um grande negócio nas mãos (ou nos seios) e, tres anos depois, em 1913, patenteia o soutien.
E finalmente Siegmund Freud inicia uma tourné pelo mundo divulgando que tudo de bom e mau que pensamos tem a ver com..sexo.
Mas na Espanha tudo é diferente. Mais tiros do que palavras. O único extase é o de Santa Tereza. Mas...quanto ao sexo... e ai vem o filme.
Alma (Leonor Watling) é casada com Leon Pardo (Alex Brendemühl) do qual está grávida de 9 meses e irmã de Olivia (Nuria Prims) que por sua vez é casada com Salvador (Luis Tosar) que nutre uma paixão secreta por Alma. Leon e Salvador são psiquiatras. Fica-se sabendo que Leon havia viajado para Viena e, encontrando Freud, apaixonou-se por suas idéias iniciando sua própria pesquisa na clínica que dirige. O filme começa com Alma chegando em sua casa. Leon chora e balbuciando frases inintelegíveis sai de casa dizendo que não vai voltar mais.
Alma, desesperada, procura o cunhado Salvador. Salvador, que como se sabe tem uma paixão recolhida por Alma, se dispõe a ajudá-la. A primeira pista surge quando encontram a tese que Leon está preparando sobre histeria e sexualidade feminina. Ali estão as experiências que Leon estava conduzindo com quatro mulheres. Neste momento o filme assume seu caráter sherloquiano, com os dois fazendo as vezes de detetive na busca das quatro mulheres e das razões do desaparecimento de Leon. Ai o filme se permite enfrentar uma série de tabus. Incestos, homosexualidade masculina e feminina, traições conjugais e outras cositas más. A visita de Freud a Barcelona é uma apoteose. Quando alguém (não vou dizer quem) aparece tentando dar um tiro em Freud ele pergunta: "- Você é do grupo do Jung?"
O filme termina com um dos casais viajando em um navio para a Argentina e dançando um belo tango a bordo. Se no Brasil se diz que tudo termina em samba. No caso ..tudo termina em tango.
Não percam este filme. Vocês vão gostar muito.
Ia me esquecendo da nossa cruzada pelos direitos do consumidor. A Europa também faz parte das empresas que respeitam o consumidor. Você salta os trailer e vai direto para o filme.
Até a próxima postagem
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