Domingo passado minha mulher me arrastou para o cinema. Na tela grande eu gosto de ver filmes de ação. Mas, tudo bem, aceitei em ir ver o argentino - Um Conto Chinês. O cinema argentino, para mim, alcançou aquele nível que o cinema brasileiro anda atrás, ou talvez nem ande. Um Conto Chinês é dos melhores. Ricardo Darin está ótimo. Ricardo deve atuar em, pelo menos, 80% dos bons filmes argentinos. Ele está atingindo uma perfeição no cinema que nenhum dos nossos atores alcançou. É uma espécie de Mastroianni dos Pampas. Tudo bem que ele interprete ele mesmo, que era o que faziam Mastroianni e Bogart, mas faz isto muito bem, com extrema naturalidade.
O filme começa com uma cena de cinema fantástico. Um jovem chinês leva sua namorada para um passeio de barco num pequeno lago. Estamos na China. Quando ele vai mostrar as alianças e fazer a proposta uma vaca cai do céu, e mata a noiva.
Cena seguinte - Buenos Aires, a ferragem de Roberto. Roberto é interpretado por Ricardo Darin. Roberto está contando os parafusos que comprou. Vieram numa caixa de 350. Mas ele conta, parafuso por parafuso. Só tem 328, faltaram 22. Roberto tem um acesso. Já começamos a conhecer Roberto. Na rua ele assiste uma pessoa ser jogada de um carro. Um assalto. Ele corre para socorrer a pessoa caída. É o nosso chinês do inicio da história.
Jun, o chinês, só fala mandarim. Roberto só fala espanhol.
Roberto acaba levando Jun para sua casa. Nenhum entende o outro mas Roberto acaba descobrindo que Jun está atrás de um tio que veio há muito tempo para Buenos Aires.
Importante. Tem a irmã do carteiro, Mari, que está apaixonada por Roberto. Ela veio do interior para tentar conquistar Roberto. É difícil. Roberto não parece dar a mínima. Mas Mari é insistente.
Roberto, entre tantas outras manias, coleciona jornais com histórias incríveis. Ele as dramatiza em seus sonhos acordado tendo ele como personagem. As histórias servem para mostrar que o mundo é um caos e que ele está protegido em sua solidão.
Assim vamos pouco a pouco conhecendo e entendendo Roberto.
Agora a vaca. A vaca inicia e termina o filme. Jun, que era na China um desenhista gráfico, quando sai da casa de Roberto desenha um mural com uma enorme vaca. O desenho dispara um circuito no córtex pré-frontal de Roberto e ele parte em desabalada carreira. Para onde? Por que? Acho que isto merece um fórum para logo depois de vocês verem o filme.
A hora e meia passa fácil. Saimos do cinema de bem com a vida. O que querer mais de um filme?
Na saida passamos na Saraiva. Comprei "Toda A Verdade" de David Baldacci. Mas isto é para outra postagem.
P.S. Na tradução para o português perdemos um pouco da sutileza do título espanhol, pois cuento chino, quer dizer uma mentira, uma lorota.
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